quinta-feira, 19 de abril de 2012

Pacientes em estado vegetativo comunicam com médicos

Novo scanner cerebral permite modular pensamentos de doentes 2010-02-03 Uma colaboração entre duas equipas médicas, de Liège (França) e Cambridge (Reino Unido), permitiu descobrir que um paciente, considerado em estado vegetativo durante cinco anos, podia comunicar – com respostas de “sim” e “não”, unicamente por pensamento. Os investigadores do Coma Science Group, da Universidade de Liège, trabalharam em parceria com a unidade Medical Research Council’s Cognition and Brain Sciences da Universidade de Cambridge, para desenvolver um novo método que permite a pacientes incapazes de se mexerem ou falar, comunicarem com o mundo exterior por meio de novas tecnologias de scanner cerebral. Os resultados foram publicados esta semana no «New England Journal of Medicine». Em 2003, um homem de 29 anos sobreviveu a um grave acidente de viação e, após ter acordado de um coma, foi considerado durante cinco anos, estado vegetativo. Mas, graças à técnica de Imagem por Ressonância Magnética funcional (IRMf), a sua actividade cerebral foi gravada, quando respondia “sim” e “não” a perguntas simples, como “O nome do seu pai é Thomas?”, por exemplo. A técnica já tinha sido experimentada em pessoas saudáveis e permitiu descodificar respostas cerebrais com uma precisão de 100 por cento. Agora, foi testada pela primeira vez num paciente que não podia nem falar nem se mexer, de forma a exprimir o que sentia. O doente foi examinado pela equipa médica de Steven Laureys, do Coma Science Group, que confirmou que este era completamente incapaz de comunicar sem o scanner. “Ficamos completamente aterrados quando verificamos os resultados do scanner do paciente”, assinalou Owen, da Universidade de Cambridge. Segundo o investigador britânico, o paciente “foi capaz de responder correctamente a várias questões e simplesmente, modulando pensamentos – que, de seguida, foram descodificados pelo IRMf”. Sinais de consciência Os resultados figuram nas conclusões do estudo realizado durante três anos pelas equipas franco-britânicas, em que 23 doentes cujo diagnóstico assegurava que se encontravam em estado vegetativo foram scannarizados. O novo método de IRMf permitiu detectar sinais de consciência em quatro deles (17 por cento). O mais surpreendente foi o facto de estes conseguirem responder positiva ou negativamente, mudando a actividade cerebral. A descoberta levanta questões importantes de ordem clínica: “Pacientes conscientes, não podiam mexer-se nem falar para transmitir o que sentiam, podiam agora ser interrogados sobre dores e facultar a possibilidade aos médicos de adaptarem tratamentos adequados”, declarou Audrey Vanhaudenhuyse, neuropsicóloga de Liège. Contudo, a investigadora sublinha que isso "não significa que todos os doentes em estado vegetativo estejam conscientes” e “este estudo apenas se refere a pacientes cujo scanner detectou evidências de consciência”. Steven Laureys insiste: "Este é apenas o início, porque a técnica pode permitir aos pacientes exprimir sentimentos, tomar decisões sobre quem cuida deles e melhorar a sua qualidade de vida”. 

Referência: www.cienciahoje.pt/index.php?oid=39329&op=all

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