As diversas práticas profissionais que compreendem o setor saúde têm
sido permeadas pelo fenômeno da precarização e isso tem trazido inúmeras
consequências para a assistência a indivíduos e grupos sociais. Para
compreendermos como o processo de precarização se expressa na atualidade,
tomamos por objeto o caso da Enfermagem no Brasil, tendo por base algumas
contribuições teóricas que apontam para os mais brutais efeitos de tal
processo.
Observa-se que as transformações sociais, pelas quais passou a sociedade
brasileira contemporânea, incidiram sobre a atuação da Enfermagem e se expressa
nas relações de subalternidade dentro do modelo medicocêntrico, atuação em
condições hierarquizadas, incompreensões do status que o profissional enfermeiro,
diferenças salariais e de condições de atuação profissional, jornada de
trabalho mais inflexível em relação às outras profissões da área de saúde e
desarticulação, enquanto categorias profissionais têm sido agravadas com a
complexificação societária. No campo teórico, evidencia-se uma busca incessante
por discutir e aprimorar as técnicas de Enfermagem, voltando-se mais à
reprodução de procedimentos e serviços, ou à valorização da mercadoria, do que
ao compromisso ético-político de desvendar os fatores determinantes, que alicerçam
a sociedade capitalista. No que diz respeito à gênese da precarização e aos
seus efeitos para a profissão, observa-se que, na verdade, o enfermeiro atua
principalmente como “trabalhador” assalariado, numa relação entre prestador de
serviço (Estado e iniciativa privada), enfermeiro e o “cliente”. O estudo possibilita aos profissionais da Enfermagem as condições para
uma reflexão crítica acerca das limitações impostas pelo capital à atuação
profissional, considerando-se a complexidade teórica dessa temática e das
implicações que esta abordagem suscita, sugere-se que novos estudos sejam
realizados, buscando uma maior compreensão dos aspectos aqui enfocados e tão
importantes para a Enfermagem e para as demais categorias profissionais do
setor saúde.
Jheryck Flores
Referências:
SANNA, Maria Cristina. Os processos de trabalho em Enfermagem.Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-71672007000200018&script=sci_arttext>. Acesso em: 24 maio 2012.
Você sabia que o Coordenador Nacional da coligação "para o Brasil seguir mudando", hoje Ministra da Saúde e presidenta Dilma Russef assumiram, haja Presidente da Republica, o compromisso com a luta da Enfermagem brasileira, em 2010? - Leia trechos das cartas
ResponderExcluirO "Fórum Nacional 30 horas já: Enfermagem Unida por um objetivo" foi constituído pelas Organizações Representativas dos diferentes segmentos de Enfermagem (FNE, ABEn, COFEN, CNTS), no dia 08 de junho de 2011, na cidade de Brasilia- DF, com o objetivo de unificar as forças, promover articulações politicas e definir ações estratégicas pela aprovação do projeto de Lei 2295/2000, de regulação da Jornada de trabalho em 30 horas.
Embora outros profissionais de saúde (médicos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e fisioterapeutas) já tenham uma jornada de trabalho regulamentada por Lei, a Enfermagem ainda não galgou a mesma conquista. Por mais de onze anos, a categoria tem lutado pelo direito a uma carga digna e humana, definida pela Organização Internacional de Trabalho (OIT, em 30 horas.
Do mesmo modo que a OIT, a Organização das Nações Unidas (ONU) e as Conferencias de Saúde, nas diferentes esferas de governo, recomendam a jornada de 30 horas para os trabalhadores da saúde, argumentando que melhora a qualidade da assistência ao paciente, bem como a saúde dos próprios trabalhadores.
Os profissionais de Enfermagem representam a maior força de trabalho (60%) nas diferentes áreas de atuação do SUS e compõem o quadro dos trabalhadores de saúde com maior representação numérica na prestação de cuidados ás pessoas, grupos e coletividades humanas, nas 24 horas, dos 365 dias do ano.
A Enfermagem é majoritariamente formada por mulheres que, além das atividades profissionais, cumpre dupla ou tripla de trabalho, assumindo responsabilidades na esfera familiar.
A jornada de 30 horas semanais e condição necessária para uma assistência de Enfermagem segura, de qualidade, humana e digna!
Entendo que a Enfermagem é uma profissão essencial para a construção e consolidação do SUS. Por isso, apoio a luta da categoria por visibilidade e valorização profissional, a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais é reivindicação justa e necessária, porque contribui para a melhora da qualidade dos serviço à população. (Dilma Roussef)
Jheryck Flores